A ascensão do capitalismo mercantilista no século XV deu início à ocupação do continente africano a partir do seu litoral, onde foram implantados entrepostos e feitorias.
Somente com a II Revolução Industrial, as potências capitalistas européias passaram a pesquisar o interior do continente, sondando as suas riquezas e preparando a plena ocupação territorial. A busca por recursos e mercados impunha uma lógica de competição frenética entre os impérios europeus, e isso poderia gerar conflitos mais violentos na disputa pelos territórios e riquezas africanas. E, antes que as disputas levassem as potências à guerra ( como aconteceria de 1914 a 1918 ), a divisão da África foi feita de comum acordo entre os mais poderosos Estados europeus, no Congresso de Berlim, realizado de 1884 a 1885.
A verdadeira invasão da África, combinada entre as potências industriais, teve o propósito de garantir terras, mercados, matérias-primas e recursos energéticos às crescentes necessidades das indústrias da Alemanha, Reino Unido, França, Bélgica, Itália; além de continuar a suprir as trocas comerciais de potências decadentes, como Portugal e Espanha, no século XIX.
No entanto, a ocupação da África, feita como uma verdadeira corrida pela posse dos seus formidáveis recursos humanos e naturais, não foi baseada em motivos econômicos.
A principal alegação usada para a apropriação do continente foi de ordem moral e cultural. As potências européias alegavam que estavam assumindo uma "missão", que seria a de levar ao continente africano as luzes do progresso, os fundamentos da civilização ocidental e a salvação religiosa.
Mais do que uma falsa propaganda, essas alegações faziam realmente parte do imaginário e das convicções das sociedades européias do século XIX, em um período em que convicções tendenciosas e racistas ditavam a crença na superioridade do europeu. Dessas convicções, surgiu a expressão "fardo do homem branco".
Essa expressão, saída de um poema do britânico Rudyard Kipling (1835-1936) , queria dizer que as populações brancas teriam como missão o fardo ( carga ou peso ) de levar a "civilização" para as culturas "inferiores".
Apesar dessa suposta superioridade cultural e moral, a apropriação do continente africano foi, na verdade, obtida com a superioridade do poder de agressão e da estratégia de dominação política.
Ao observar o mapa "As etnias da África", onde estão localizados os principais grupos étnicos africanos, e ao comparar a localização desses grupos nos atuais países do continente ( África - Político ), nota-se que as fronteiras dos Estados nacionais não coincidem com a realidade cultural das populações.
Através da estratégia da divisão conflituosa da África, os recursos minerais e produtos agrícolas foram dominados pelas empresas capitalistas européias . Enquanto isso, os povos africanos foram excluídos do acesso à terra, do conhecimento sobre técnicas de plantio e manejo do solo, do progresso e até da vida. Os europeus condenaram os africanos ao subdesenvolvimento econômico e social, condição até hoje não superada.
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